"EU" NO CENTRO, "EU" COM TUDO
Sabe aquele amor?
Aquele...
Aquele que doamos ou deveríamos doar...
É dele mesmo que estou querendo falar...
Tenho pensado e tudo o que tenho refletido converge para uma só conclusão: Somos muito perspicazes em falar do tal, e tão famoso, amor, mas geralmente, reivindicamos e audaciosamente cobramos aquele que não recebemos, nunca o contrário.
Mas, o que há de errado nisso?
Eis a questão...
Em grande parte das vezes cobramos muito e exercemos pouco, ou quase nada, daquilo que veementemente cobramos. E é desse ponto que gostaria de partir.
Vivemos nos queixando da atenção que não recebemos, do carinho que não nos é oferecido, da amizade superficial com a qual nos servem, em fim, inúmeras reclamações a respeito do que não recebemos, mas nunca nos cobramos ou punimos por causa do amor que não ofertamos.
Há um princípio do qual gosto muito, que é o da semeadura. Este diz que para colher é preciso plantar, sendo assim, para receber não seria preciso dar?
Se assim o é, por que não nos doamos para depois querer que se doem a nós?
Respondo...
Por que estamos vivendo em um tempo em que olhamos apenas para nós mesmos. "Somos o centro do universo" e que venham a nós todos os reinos, e o amar o próximo deixou de ser uma tarefa diária das nossas agendas lotadas de compromissos conosco mesmos.
Está tão enraizada em nós essa cultura do "olhar para o próprio umbigo", que a vida nos passa despercebida, não notamos mais a beleza do compartilhar com o outro. É só eu, eu e mais eu.
Estamos numa era em que as relações humanas parecem estar pré-programadas para explodirem, no exato momento em que o indivíduo com o qual nos relacionamos deixa de fazer o que queremos, pensar como pensamos e trilhar os mesmos caminhos que trilhamos, ainda que estes estejam fadados ao abismo.
Lição de moral?
Não... Também preciso aprender...
Se faz necessário que paremos, que peçamos pra sair dessa roda viva que cultiva o reino do eu.
É preciso nos libertar o quanto antes desse pacto de devoção a nós mesmos.
Sair dessa trilha onde só nos permitimos caminhar sozinhos.
Paremos esse trem fantasma onde os momentos de glória só podem pertencer unicamente a nós, sem qualquer pretensão de dividir o pódio com outros vencedores, ou até mesmo, nem participar dele.
Como já bem dizia Renato Russo, "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã" e parar o nosso mundinho egoísta para perceber os seres humanos grandiosos que temos a nossa volta, que também precisam de amor, atenção, carinho e amizade, tanto quanto nós mesmos.