Limbo

Ao perder o amor, perdeu- se de si. Perdeu a alegria, o viço, a dignidade. Perdeu-se de quem era ou nem sabia mais o que era. Não tinha a quem recorrer para tirar tais dúvidas. Perdeu-se num limbo, num labirinto onde entrou por vontade própria e sem a mínima vontade de achar a saída. Era fácil a dois. A companhia deixava as noites menos solitárias. O abraço impedia a hipotermia. A confiança cega anulava os verdadeiros desejos. Agora está só. Acreditou tanto na história das duas metades que seu deu inteira. O amor foi embora. Ela foi junto e nem saiu do lugar. Deixou tristeza, destruição e um corpo quase sem alma, que se culpa. O amor levou também seu amor próprio.