VAMPIRA
"Eu quis te abraçar"
Foi o que ela disse, um dia depois do velório do nosso amigo.
"Eu estava triste e no teu abraço eu queria aconchego"
Qual romântico não cai numa conversa dessas? Dita por uma mulher desejada pelos demais?
No auge da paixão insana recusei tantas vezes. Esquivei-me como um esgrimista.
Pobre romântico, resistindo à mais vil e poderosa arma que uma mulher pode usar contra ele. O sentimento.
Não se tratava de um par de seios, nem uma bela bunda. Ou um lindo sorrido num rosto rosado e bem desenhado. Não, meus caros amigos, se tratava do apelo sentimental com requintes de crueldade emocional.
Ó pobre moço e sua crença no amor romântico, na beleza interior. Tão pobre, tão frágil, tão legível.
Se uma faca penetrasse o coração dela, seria uma ferida incruenta.
Com maestria, usa como escudo um rosto angelical e uma meiguice que lhe é simulada nos mínimos detalhes. Especialista em se desviar de acusações por delitos do coração, continua sua jornada.
Sua cruzada é em busca de um escravo emocional, talvez, porque material ela já tem aos montes.