Cantando em Desafino
Eu vou contar aos cantadores
Cantando em desafino
O hino do pobre cidadão que trabalha
E vive em vida vivida em vão.
Eles hão de ir cantando.
E eu narrando a historia do meu velho povo
Com sonho novo de dar certo mais uma ilusão de futebol.
Eu vou chorar e vou sorrir
Pensando no ribeirinho sem saúde nem futuro
Que se alegra ao brincar nas águas
Essas que um dia lhe engoliram.
Eu vou dizer com os olhos calados de sentimento
Do que passa e do que fica,
Sendo, então, impossível falar da felicidade dos pães,
Da mesa farta,
Da panela de caldo de feijão,
Esses nunca passaram,
Muito menos ficaram em nenhuma dessas barrigas vazias,
Nem nas mentes famintas,
Nem nas bocas de poucas palavras acertadas,
Ainda assim eles vivem.
Ainda assim vivo e sobrevivo sob olhos e mãos fechadas.
Ainda assim feliz
Por ter nascido em meio ao verde e amarelo brasileiro.
Apesar de todo pouco nunca ofertado.