Exílio das Sombras

Há um preço a se pagar pela vida. Tento ser feliz, mas há algo que incomoda, algo invisível. Sei que está lá, mesmo não sabendo o que. Uma faca que corta a cebola e transforma em lágrimas, lagrimas sem sentido.. Mas que no fundo faz todo. A vontade de sentir essa tristeza aparece, algo contraditório ao meu desejo de felicidade, mas que me faz bem. Quando as lagrimas escorrem parece que a dor está se esvaindo, está indo embora, mesmo que naquele momento a tristeza seja constante.

Escutar notas e melodias fúnebres faz meu coração despertar o mais intimo sentimento lá escondido. Faz ele bater, provar que não está parado, que eu ainda vivo, que eu ainda possuo sentimentos. As vezes o vazio é tão grande que palavras amorosas ecoam em minha cabeça e parecem sem nexo. Não gosto da escuridão, ela esconde meu corpo, me faz parecer ainda menos humano do que sou, me transforma na própria escuridão. Dormir é pior, minha mente para no tempo e esquece aquilo que quero e não quero lembrar. Deixo de ser quem sou e viro aquilo que nunca existiu.

O abismo um dia levará minha mente, me deixará em exílio, longe da minha terra, da minha dor, da minha vida. Estarei bem longe, longe daqueles que um dia conheci e daqueles que iria conhecer. Das memórias ruins que tanto me fizeram sofrer. Mas, senhor, eu gosto até dessas memórias, eu gosto do ruim, gosto do bom, gosto de tudo que há nessa vida. Mesmo que eu apanhasse de chicote todos os dias eu sentiria saudades até disso. E eu também gosto da saudade, gosto de lembrar daquilo que perdi e que não posso recuperar. Mas senhor, por favor senhor... Não tira minha tristeza de mim, senhor, não me deixa sucumbir e ir para onde desconheço, para onde não sei o caminho a seguir porque ele não há. Senhor... Por favor, senhor, seja lá quem for, não me deixa ir não.

Endriu Costa
Enviado por Endriu Costa em 19/10/2015
Reeditado em 19/10/2015
Código do texto: T5419371
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