SENTIMENTOS

Dê repente brota do fundo de minha alma, apoderando-se de minha mente, levando–me ao passado, onde a felicidade estava bem juntinha a mim e eu não conseguia reconhece-la. Neste instante as lagrimas brotam como se um rio fossem, modificando toda minha alma como classificados somos, em meus momentos de solidão. De onde vem este sentimento, não sei, olho no retrovisor e vejo ele, com aquele sorriso de ponta a ponta de seu rosto arredondado, por tamanha alegria em estar naquela maquina preta, como seu destino fosse morrer em cima de uma delas, ela seria a marca da morte em sua vida, registrada com sua zueira e ilusões daqueles segundos de felicidade, sonho de menino rebelde que era descobrindo o seu mundo que-lhe dava tudo o que seria de direito em seus pensamentos. Vi-me com ele consertando aquela variante cinza e a marrom que não tinham conserto que dava jeito nas referidas máquinas, contudo ele era insistente, em todas as máquinas que possuiu. As lagrimas brotavam como uma fonte, ao lembrar-me de minha mana Aina, rebolando com aquela bunda achatada e os peito quinem mamões machos pendurados quase chegando a barriga, fazendo estripe triz, após a ingestão de só um copo de vinho suave, como era bom estes tempos, com todos falando vai Aina tira, tira, para vermos estas formas deformadas pelo tempo contudo sem vergonha de se mostrarem. As lagrimas passaram de fonte para riacho, quando no sambódromo me vi em Fevereiro de 1991, vendo a Viradouro, investida de ciganos, que maravilha. O riacho virou rio, quando em Maquambira cheguei, vi um idoso acariciando uma pequena moita de capim, implorando para que a chuva chegasse para seu sofrimento diminuir. No desague do rio, me vi em Milho Verde, rastro de todas minhas raízes, estive ao lado da Santinha, cantando todas as estrofes da festa do Cruzeirinho, me vi conversando com a Albertina contando as peraltices dela e da minha irmã Nelsina em Milho Verde e em Diamantina. Foi então que as lagrimas se transformaram em mar de tanta água que corria. Vi me no interior do meu lar ao lado da alma de um ser batizado de Katita, lembrei de nossas brincadeiras no sofá na sala da casa da gávea.

Não existe meios para entender, tudo o que acontece e observo em minha volta. Catita surda, cega e muda, pois não late mais, não enxerga e nem tem olfato sua alegria de viver se acabou. Ao brincar comigo, rolando no sofá da sala, da casa da Gávea. Hoje grava seu espaço, contudo, bate cabeça nas paredes sem cores e sem luz, tudo é negro, sem vida e esperança de dias melhores, em sofrimento e tanta angustia até que por algum tempo localize seu objetivo. Que é o lugar onde esta acostumada a urinar ou o espaço ao qual da preferencia para defecar, observando-a percebe-se uma vela se apagando pela diminuição do sopro de vida restante. Minha tontinha a cada momento esquecendo todo o seu presente. Lembrando muito do seu passado, perguntando assuntos que acabei de falar, qualquer ser não acredita e acha que é sacanagem ou brincadeira. Em tempos idos dormíamos escutando expresso da meia noite, neste período foi que ela começou a correr atrás de sua independência, ia às obras perguntando se tinham roupas para lavar, trazendo e levando trouxas de roupas nos lotações daquela época. Segundo sua narrativa, colocava até um pouco de perfume nas roupas lavadas para agradar os clientes e recebia muitos elogios tudo isto nos seus dezoito anos, sem que eu tomasse conhecimento, isto caracteriza um ser determinado em correr atrás de sua independência. Tinha um bom emprego na Sudamtex, ganhava muito bem, o suficiente para dar todo o conforto necessário a minha família. Contudo ela corria atrás de seus ideais que para ela naquele período seriam seus ideais. Depois foi junto comigo fazer admissão, ela no Júlio de Castilho e eu no Luiz Delfino, localizados na Praça Santos Dumont, na Gávea.

Miache Confuso

22/10/2013

Miache Confuso
Enviado por Miache Confuso em 18/10/2015
Reeditado em 19/10/2015
Código do texto: T5419317
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