Monstros
Quando eu era menina, morava em um sitio grande, o contato com a natureza era espontâneo, às vezes assustava-me com o rodopiar das folhas secas que eram levadas pelo vento num pequeno redemoinho, temia que elas viessem me atacar, como se fossem monstros, imaginação de criança que não sabe distinguir o que é matéria morta e o que realmente é perigo!
O tempo se vai, a criança se desfaz, mas o saber separar o bem e o mal é realmente quase impossível! Às vezes por trás de um sorriso, uma palavra amiga, um abraço avassalador, esconde-se um mostro! É tudo tão egoísta! Pessoas agem com pessoas, como se fossem matéria morta, como se um pulsar do coração não fizesse menor sentido! E sigo ainda observando o caminho das folhas secas, que hoje já não me assustam mais, apenas me mostram que se uma folha caiu e secou e o vento da primavera a levou, novas folhas verdes virão! A esperança renasce a cada decepção sofrida, porque a vida segue mesmo cheia de monstros!