"Quem tem um, não tem nenhum". Será mesmo?
Ando a pensar sobre a crueldade com que as pessoas tratam os filhos únicos. São sempre os mesmos preconceitos: "Não presta ter só um filho", "Se for só um, vai se estragar", "Vai ser egoísta", "Nunca vai aprender a dividir", "Vai ser muito mimado", "Sempre vai querer ser o centro das atenções". O pior é quando eu ouço o famoso dito: "Quem tem um, não tem nenhum". Não vejo mal em se ter um só filho ou uma só filha. Até pouco tempo, queria engravidar de novo. Mas de tão magoada pelas coisas que escuto, achei melhor pensar duas vezes, Até porque, quando surge uma nova criança, é comum de falarem à criança mais velha: " Vai ficar no canto", "Vai ser babá do mais novo", "Vai perder os brinquedos para o irmãozinho".
Tudo o que é mais valioso é único. Deus é um só, mãe é uma só, pai é um só e por que não um filho apenas?
"Ah, mas se for só um, vai se sentir só, pois é bom ter irmão". Será mesmo? Já vi tanta coisa ruim acontecer entre irmãos.
A Bíblia menciona que existem amigos mais chegados que irmãos. Não é preciso haver um laço de sangue para que se estabeleçam os laços de afeto. Amigos nascem de escolhas baseadas em afinidades, respeito e amor. Assim, um amigo assume a importância que o irmão pode ter na vida de alguém.
Há algum tempo, tento engravidar de novo, mas não consigo. Andava triste por isso, mas começo a ver esse fato de outra forma. Começo a entender que as pessoas não devem assumir o lugar de Deus em minha vida para quererem decidir o meu destino e o destino de meu filho. Não compactuo com a imbecilidade de um senso comum que diz que filhos únicos não são nada. Isso é uma violência, é uma estupidez acreditar no ditado: "Quem tem um, não te nenhum".
Assim como Deus é um só, como mãe só é uma, é uma bênção ter um único filho.
Há gente que "bota filho no mundo", mas há pessoas que geram crianças para cumprir um propósito maravilhoso nesse planeta. Do que adianta ter vários filhos e não ser presente na vida deles, mas ficar responsabilizando os mais velhos pelo cuidado com os mais novos? Isso é exploração, não amor.
Mas disso tudo, aprendo a preciosa lição de só aceitar em minha vida a vontade de meu Senhor. Chega de opiniões de hipócritas que confundem ter com ser, quantidade com qualidade, amor com exploração e vida com insignificância. Mãe é mãe, seja de apenas um filho ou de vinte, seja biológica ou adotiva. Filho é filho, não importa se é um ou se são dois ou cem: todos são importantes. Pronto, falei!