Lambendo Cutelos
O oceano dentro de uma gota.
Pescoceando Her
Fumando unzinho
Bebericando Heineken
E esperando você, lazarenta
Trazer meu livro de volta
E dizer um último
Adeus.
Não sei como estourar essa bolha onde você me prendeu. Essa redoma blindada onde meu ódio é natimorto e minha raiva míngua assim que te vejo e nada de ruim que emana de mim te atinge. Como ter repulsa de uma pessoa por ela ter escolhido o caminho o qual deve seguir? Não sou egoísta e meu sentimento de posse por você inexiste. Vá. Não se zangue por eu não te prender. Não sou uma gaiola. Entendo suas neuras. Entendo seus motivos, mesmo depois de tê-los diminuído a poeira. Não entendo seus motivos antípodas aos meus. Parece não haver muito a que se devotar amor depois disso.
Ouvindo Milk & Honey
Do Arcade Fire
Quatro minutos e três segundos de
Sim & Não
Negação & Privação
Benquerença & ódio
Nascituro.
Olhar seu corpo vibrando explosivo como uma Supernova continua sendo uma oferenda à mudez. A contração das suas panturrilhas enquanto anda. O modo como seu quadril se remexe a cada passo. Os pelos ralos que descem as cordilheiras de sua nuca quando você faz coque. A promiscuidade que deveria ser a força motriz do que sinto não sendo.
Eu acendo
Puxo
Prendo
E solto a fumaça ao céu
Como se cuspisse na face jactanciosa
Desse deus que me olha de cima rindo
Após tantas troças a mim direcionadas.
Que a lassidão propiciada pelas reações químicas
Dessa maconha no meu cérebro me ajude
A relaxar e te esquecer. Sobretudo te esquecer.
Sentir seu corpo vibrando e queimando como um Sol abaixo do meu continua sendo uma oferenda à descrença. O frio corpo reptiliano se contorcendo nos lençóis como o de uma cobra no asfalto de Dubai. Olhar halos de luz oriundos da fresta da parede cortando seu rosto. Por que meu cérebro se transforma numa máquina fotográfica nas mãos de Nicola de Luigi quando estamos juntos?
Perdi o controle
Já não sei mais emular emoções
Desaprendi a ser cínico
Meio que tudo se esvaiu
Meio que estou num navio sem leme
Perdi meus trens de pouso. Sei lá que diabo
Quero que você fique mas não consigo me convencer disso
Tanto quanto não consigo te. Convencer. Disso.
Você me fez entender Hilda Hilst, não se sinta má. Senta cá, bote as coxas nuas nesse sofá. Deixe que ele as vinque todas com fissuras. Deixando riscos com aparência de vincos de engrenagens. Para que eu as desvinque com as mãos. Para que eu apague os riscos com minhas desgrenhadas garras. A iluminação baça do horário de sempre no cômodo de sempre e essa certeza imorredoura de que seus lábios são praia. Molhados e salgados. Onde minha desgovernada nau quer atracar.
See you when you're 40.
12/10/2015