Óh corpo, meu paradoxo!

Como cavalos alados, os nervos pulsam, pulam, sobem aos azuis infernais do meu orbe desprotegido, empobrecido e empoeirado de sobriedade.

Pisoteiam minha paz marginal, arrebentam minhas pupilas, rompem minha razão, comem minhas sinapses e salivam seu cortisol cortante e doentio em meus tecidos.

Então abro os olhos já cegos em estilhaços de veneno vermelho pegajoso. Miro o espelho e me deparo com uma imagem entorpecida por uma estranha serenidade abstrata, e que abruptamente some, deixando de refletir, assim que ouve o chamado: "Mãe, qué tetê".

Patricia Lins
Enviado por Patricia Lins em 11/10/2015
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