O coração aperta, a mente desperta
Sinto: coração, dor, aperto, ânsia, repressão, desorientação, falta o ar; as amarras estão se apertando, apertando até me tornar inconsciente pela falta de ar.
E esse estado parece ser a porta que me leva a encontrar a mim mesma: o ar que me falta, a amarra que me sufoca, o coração que aperta e dói, são eles que me ajudam. São eles que pegam em minha mão e me guiam para que eu me encontre com o sagrado, onde somente num estado de dor posso acessar.
Lá estou em todas as idades, em todas as casas que morei, em todos os amores que vivi, em todas as canções que ouvi, em todos os livros que li, em todas as crenças que já acreditei. Lá eu me encontro com tudo o que fui, e sinto completude. Sinto-me abraçada por meus eus, sinto seu cuidado e sua esperança no que ainda hei de me tornar.
Não procuro mais sentidos nestas viagens aos meus eus mais profundos. Só busco nelas a força, a autoconfiança e o amor que são as únicas coisas capazes de me fazer continuar buscando pela ascensão espiritual.
Minha falta de ar é sábia! O corpo jamais se levanta contra a alma, ao contrário, busca auxiliá-la a se conectar novamente com seu universo interior quando está se distanciando demais dele.
Quando aceitamos a ajuda, quando aceitamos mergulhar nas sensações do próprio corpo, há a iluminação. A percepção se clareia um pouco mais e você se sente capaz de continuar não contra, mas junto com sua falta de ar, com o coração apertado, com o revertério, até que (juntos) possam encontrar uma nova forma de existir.