INFÂNCIA MINHA

Lembro com carinho e boas saudades dos tempos de minha infância, em que a gente esperava a chuva para tomar banho, ficar ensopada, fazer uma festa de alegria, ficar de baixo da bica que se formava no telhado da casa. Sentir os pingos de chuva molhada, escorrendo pela pele, embaçando os olhos.

Tempos em que, podíamos ficar nas calçadas e brincar de cabra-cega, pega-pega, esconde-esconde, carimbo, e tantas outras brincadeiras na rua, sem medo dos ladrões, dos carros, das agitações do dia a dia. E em que tínhamos a oportunidade de ver e ouvir tantas histórias daquelas pessoas que formavam rodas de cadeira na calçada, só para jogar conversa fora.

Tempos em que, subíamos nas árvores para pegar frutas, pulávamos cercas de arame farpado, subíamos em muro, e tudo era muito divertido, sem consequências, sempre com um sorriso no rosto, e alegria no coração.

Tempos em que, podíamos deitar no quintal, e ver as formigas caminhando de lá para cá, e ficar imaginando mil coisas que elas poderiam está arquitetando.

Tempos em que, tínhamos a oportunidade de sonhar, sem maldade, sem medo, sem temer o futuro.

Tempos em que, os livros eram as aventuras mais magníficas que podíamos ter, pois nos levavam para mundos longíquos, maravilhosos, cheios de aventura e tantas lições de moral.

E foi nesse tempo, que eu tive o privilégio de viver.

Eu amava ler, às vezes esquecia de assistir aula, me entretendo com as centenas de livros na biblioteca. Eu sentava no chão, em um canto dela, e lá conheci tantos personagens maravilhosos, que me fizeram ver o mundo de uma outra forma, me ensinaram tantas coisas boas, me fizeram viajar por lugares tão emocionantes.

E aí, eu no meu mundo de sonhos, recriava na minha mente as aventuras que eu queria viver. O quintal da minha casa, não era só um quintal, era um lugar de muitos mistérios, quem saberia o que poderia se esconder no meio daquelas árvores, o que estaria enterrado naquele quintal, quem havia morado antes naquela casa, eram pensamentos que me levavam a criar histórias, me divertir sozinha e com os amigos.

Pular o muro da casa, e ir para a casa da vizinha, ouvir e contar histórias, e imaginar o que elas guardavam no depósito que tinham no quintal, afinal, poderia ser um baú dos piratas.

E na praia, quando eu corria com amigos, e cada coisa que encontrávamos perdida, era uma história emocionante e cheia de aventuras.

E as viagens loucas que meus pais faziam, às vezes resolvia na sexta-feira à noite, então, pegávamos o carro, e íamos conhecer novos lugares.

Sim, eu era e ainda sou sonhadora, tive uma infância cheia de tantas emoções, e apesar da beleza da internet, das modernidades, eu ainda penso, que é tão mais gostoso, puro e emocionante, aquela infância de rodas de música, correria, bambolês, e tantas outras diversões.

Sinto saudades, saudades boas. Gosto de lembrar, não por querer viver do passado, mas porque foi esse tempo de outrora que me fez quem eu sou hoje. Graças a ele, não desisti de sonhar, de lutar e de acreditar em um mundo melhor.

Noélia Alves Nobre
Enviado por Noélia Alves Nobre em 10/10/2015
Código do texto: T5410042
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