Bailarina 2
Tu nunca foste bailarina, pois esse teu corpo rude não soube trajar.
Lembro-me das tuas mãos frias, finas, grossas demais num tocar.
Nunca senti um carinho, um aperto, um gostar.
O teu forçar de maquiagem na pele escura que não deixava ornar.
Menina, tu forçavas tantas coisas, tantas faces, vestes, que não faziam parte de você.
Era algo inventado, como quem esconde os calos a cada amanhecer.
Menina, depois de ver teu vestido, o teu riso, o teu sim, eu reconheci que não havia bailarina em você, só em mim.