NOVO TEMPO

Penso no passado olhando o tempo que correu la fora, e não me lembro agora, do que foi meu sonho, do que quis fazer.

Volto ao violão e solto notas, como se soltasse olhares, percorrendo o mundo, apertando o peito, cantando a noite.

Vão-se os dias, cada dia um susto, outra vitória, do que já passei, do que já errei.

Foi na saudade de ser alguém, que larguei o vício, que larguei a morte, antes da história, antes do seu tempo.

Hoje me percebo vivo, dedilhando versos, me perdoando e ouvindo, ou lendo meus horrores, porque já se foi o momento em que eram dores, hoje só passado, hoje só uma lápide que deixei as as folhas sobre sua escrita, sobre sua lida, seja lá quais forem.

Todas as estradas apresentam escolhas, curvas que, se mal traçadas, levam ao choro, o pesadelo do arrependimento. Temos e podemos crescer e voltar ao ponto em que se errou, nele se desculpar a vida e tentar de novo, porque enquanto novo, há sempre o que se aprender. Quando digo novo, é a virada feita no sentido certo, não a idade que se tenha vivido, porque novo pode se ser até morrer.

Já cantei poesias, já fui acalanto, fustigando a dona do seu próprio engano, já fui monstro horrendo desafiando o fantasma de um amor antigo, hoje me encanta mais ouvir, bem ao meu lado, uma reprimenda, sem rancores, de um bom amigo. De resto, são flores ao vento e só ele dirá, pra onde irá levá-las.