Amor Banal

Amo tanto a tanta coisa, que às vezes repenso o real sentido de amar.

Amor verbo. Amor adjetivo. Amor sujeito. Penso com quem se pareceria se tivesse uma cara e o que diríamos se o conhecêssemos de maneira palpável. Eu aproveitaria para questionar certas escolhas que me induziu a fazer e isso certamente abriria espaço para outro sentimento tão polêmico quanto, o ódio. Dizem que os dois andam juntos. Fossem pessoas, possuiriam os mesmos círculos de amizade, provavelmente seriam amigos no Facebook, até mesmo primos distantes. Por um tempo, o amor é muito mais o que nos ensinam, aos poucos começamos a entender o quanto representa e qual importância terá em nossa vida.

_ "Amo essa música".

_ "Amei seu novo corte de cabelo"!

_ "Amo dias de Sol".

_ "Amo esse restaurante".

_ "Amo comida japonesa".

_ "Amo café".

_ "Amo filmes românticos".

_ "Amo o Johnny Depp"!

_ "Amo você".

É muito amor em palavra e pouca noção de sentimento. Existem graus de amor, eu pelo menos, creio nisso, não amo da mesma forma tudo que digo amar e sei que a preguiça de pensar definições melhores nos faz "amar a tudo". É mais simples e abrangente. Sabemos que amar é algo bom, logo, ser relacionado ao que gostamos não deveria significar nenhuma anormalidade, mas me assusto ao ouvir da minha própria boca que "amo" um pedaço de pano que acabei de comprar - mesmo sendo uma calça jeans que custa metade do meu salário - e mais tarde, usando a mesma calça, dizer - e sentir - amar, o homem da minha vida. Viveria sem os dois, é claro, mas uma das duas perdas seria mais difícil de superar. Não amamos igual, tudo tem sua devida intensidade.

Amor é protagonista, é personagem principal, não deve ser designado ao que em nossa vida é coadjuvante. Se assim preferir, use-o como força de expressão, gíria, conjunção, advérbio, metáfora, apelido, desde que entenda que tipo de amor está empregando a cada coisa, principalmente quando em detrimento de pessoas. Se consegue ser assim, multifacetado, como o próprio sentimento, apenas ame. E faça o que pediu, Mário Quintana, espalhe que o amor não é banal.