A ponta do novelo

No lugarejo de Cosmopolita, situado em uma imprecisa coordenada geográfica, as avenidas, travessas e becos estão todos tomados por uma intrincada teia de vaporosos cordões. Feito serpentes luminosas, esses fios translúcidos se embrenham nos passos de seus habitantes e os confundem na direção que tomar.
O fenômeno não surpreende por ineditismo, de modo que o comportamento dos moradores há muito já se habituara com o fato e, embora não inteiramente feliz, o povo mantém o seu cotidiano apaziguado pelo invariável costume.
Na verdade, o que lhe falta para um acordo com o bem viver está na difícil arte de desvendar a origem da enigmática malha, o ponto inicial dos cordões que se entrelaçam com os pés e com o destino de cada cosmopolitano.