AMANHÃ
Entre noites e açoites mal entendidos, entre seios e anseios tão desejados, entre buscas e ofensas passadas com precisão, persiste a procurar por uma era de poder além da realidade propagada. Sozinho ou acompanhado, olha pela janela, lá se vai a lua com sangue, ruas escuras sem saídas inocentes, pessoas que não se esbarram mais, tudo muito quente, seco, círculos de pouco atrito, paciência esgota como água, humor quer sempre mais uma dose, contatos são computadorizados. Estão confusos, solitários, carentes, são os mesmos que já não se amam? Quem já amou que o diga, como estão hostis estes semelhantes, passam e nem se abraçam. Noite quente, dia escaldante, pele grita por socorro, alma precisa de adaptação, terra mexida cobra teu preço, nossa espera tem tempo marcado, diga a todos o caminho da saída, irão se deleitar uma última vez. Voltarão a se alimentarem juntos. Sentirão o refeito de uma nova manhã.