Aparências

“Não elogie um homem por sua beleza, nem deteste uma pessoa por sua aparência”, diz o livro bíblico do Eclesiástico (11, 2).

Onde está a pessoa que não elogia alguém pela beleza exterior, e não detesta pela aparência? Onde está? Onde encontrar? Eu não faço isso! Jamais o farei! Não elogio uma mulher, por exemplo, se eu não encontrar nela mais do que "beleza" física. Poderei elogiar uma mulher que não tenha a beleza exigida pela sociedade atual, se ela tiver uma qualidade digna de ser elogiada, mas jamais elogiarei uma mulher por ela ter apenas "beleza" física. Mas, o que é beleza? Vamos refletir um pouco? Só um pouco?

Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, no livro “Filosofando: introdução à filosofia”, 2009, na página 444, na apresentação do pensamento de kant sobre esse assunto, afirmam: “Os julgamentos de gosto não podem ser demonstrados, isto é, não pode haver uma regra que force alguém a reconhecer algo como sendo belo”. Segundo kant, julgamos belo o que nos causa prazer. Isso não é nada lógico; é algo subjetivo, já que se refere ao prazer ou desprazer individual. Para esse filósofo, “todos os juízos de gosto são singulares”. Mas, conforme ele, quando dizemos que algo é belo, esperamos que todas as pessoas concordem conosco.

De acordo com os pensadores materialistas-empiristas, tais como o filósofo David Hume, a beleza não se encontra propriamente nas coisas, mas depende do gosto de cada pessoa, do modo como cada indivíduo enxerga e valoriza o objeto. De acordo com Hegel, tanto a definição de beleza como a capacidade particular de percebê-la são construções histórico-sociais. Essa posição de Hegel é digna de apoio, pois sabemos isto: o que é belo hoje não foi sempre belo. O padrão de mulher bela atualmente, por exemplo, não era o padrão de beleza feminina no tempo de Leonardo da Vinci. Mas a sociedade continua com seus frágeis conceitos.

Ainda bem que a filosofia me consola kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Mas eu me acho tão bonito... Prove que eu sou feio e que você é bonito. Comece dizendo o que é beleza e o que é feiura, que agora, com o novo Acordo Ortográfico, não tem mais acento agudo. Feiura, até na escrita (rsrs), mudou; não é mais "feiúra". O peso diminuiu. Ah, existe um livro com este título: “A Consolação da Filosofia”.

Voltando a falar sério: eu jamais elogiarei apenas um corpo. Pois um belo corpo, se eu quisesse, eu poderia comprar e fazer uso dele, para me dar o prazer que eu quisesse. Na verdade, eu nem precisaria comprar. No entanto, eu prefiro reconhecer ou enxergar o que se encontra dentro de cada alma, porque a alma é a pessoa. Além disso, a “beleza” exterior é passageira e nos engana. Há tantos corpos vazios...

Nota – Para aqueles que estranham tudo isso, eu digo: a Filosofia não tem tabu. A Filosofia pensa e fala sobre tudo o que é humano. A Filosofia não tem tabu, mas todo texto tem um propósito. Eu sou consciente de tudo o que faço. Não digo nada por acaso, nem sem ter pensado antes.

As aparências enganam. Muito cuidado com elas!

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 26/09/2015
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