O louco

Revisitando o filme “Zorba, o grego” (Anthony Quinn), o protagonista, malogrado o seu intento de alcançar a riqueza, tenta tranquilizar o seu sócio “Chefe” (Alan Bates) que lhe patrocinara o projeto: “todo homem precisa de um pouco de loucura (...) para arrebentar a corda e se tornar livre”.
Final de filme, hora de pensar...
“Um pouco de loucura” não é uma dose, necessariamente, de insanidade mental. Contextualizado, como no filme, esse desvio antissocial (entendido como à parte o padrão) é marca indubitável de subterfúgio em face das agruras da vida.
O poeta, o clown e o apaixonado têm as suas doses de loucura. Sem essas plenitudes inusitadas, o poeta não “ouviria nem entenderia estrelas”; o clown não ocultaria a sua face com as cores berrantes de um novo rosto que revelasse, na verdade, os inúmeros matizes de sua alma e o apaixonado, nas alturas de um céu endiabrado não despencaria de lá para sentir todas as dores do mundo...