O amor me transformou em um pedaço de carvão.

Apenas mais um na multidão, sozinho. Vivendo em um mundo monocromático, o futuro era apenas a incerteza do que fazer, onde tudo era um pretexto do que deveria ser e onde o amor era apenas um caminho para a dor. Um caminho que por algumas vezes eu arisquei seguir e em todas às vezes eu fui mutilado de dentro para fora, fui cortado, fui queimado e morto. Fui transformado em carvão. Feio, sem valor, que tonava negro tudo que tocava. Capaz apenas de formar brasas que queimavam todos que decidissem se aproximar de mim.

Até que uma menina apareceu, ela tinha o olhar mais profundo de todos que já vira em minha até então inútil vida. Ela se aproximou mim, e apenas com um único sorriso apagou minas brasas. Ela tocou em mim e incrivelmente não se sujou com o negro da minha vida. Com o seu jeito meigo de ser ela me disse coisas lindas, me disse que o amor não era um caminho para a dor como eu pensava. Ela me disse que o amor era um caminho lindo por onde quem seguia seria sempre feliz, porém ela me alertou que deveríamos escolher a pessoa certa para seguirmos juntos, pois quem escolhe a pessoa errada está condenado à dor.

Ela estendeu a mão a mim, e mesmo com medo a segurei com força, me abracei a ela e segui aquele caminho que eu tanto temia do seu lado. Ela me deu sonhos, me deu esperanças de um futuro feliz do seu lado, ela coloriu o meu mundo, me trouxe a antes tão sonhada e distante felicidade. Felicidade que eu sempre achei ser um mito, pois nunca a tinha encontrado antes. Eu estava feliz, feliz porque pela primeira vez na minha vida encontrei alguém que me amava.

Eu servi a ela quase como servo. Ela se tornou o centro do meu mundo, a razão do meu viver. Ela se tornou minha companheira, minha melhor amiga, minha amante, meu tudo, minha vida. E a cada dia eu entendia melhor aquele caminho que antes me machucara tanto, mas que agora me trazia uma sensação entorpecente tão boa, tão viciante, tão feliz...

Aquela menina era tão linda, tão meiga, ela me atraia como ninguém era capaz, eu entreguei a ela o meu coração.

Porém depois de uma longa caminhada por esse caminho, depois de eu ter certeza absoluta sobre o meu futuro, certeza absoluta sobre com quem eu queria estar pra sempre. Ela me machucou. Com o meu coração nas mãos ela o esfaqueou, não muito diferente de qualquer outra já tenha feito comigo. E então eu encontrei uma velha conhecida que eu sempre encontro nesse caminho. A dor.

E como em um passe de mágica as cores sumiram, os meus sonhos viraram fumaça, e eu voltei a ser aquele carvão. Feio, sujo, transformando negro tudo que toco e queimando todos que se aproximam de mim.

Hoje eu tenho certeza, o amor é um caminho que leva a dor. Não importa o tempo que levar a dor sempre o espera no final. Tolos são aqueles que não temem esse caminho, e infelizes são aqueles que o temem.

Diogo Fernandes
Enviado por Diogo Fernandes em 09/09/2015
Reeditado em 09/09/2015
Código do texto: T5376151
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