O Último.
Sou de datas.
Aliás, quem não é?
Datas são
Marcas intrusas,
nomeação de dias completos e normais,
datamos por necessidade de organização, mas,
datas não existem,
e réveillon é ilusão.
Amamos datas,
e as pessoas que somos,
enfeitam-nas de comemoração,
porque elas, ou nós,
não passamos de datas também.
Do existir ao deixar de estar,
somos datas simplórias
e cheias de maldades.
Avessas..
Que a dor do espelho não
nos venha nesta hora.
Que tenhamos fósforos
nos bolsos e árvores dispostas a iluminarem dias escuros.
Se tivéssemos a certeza
de que hoje é nosso
último dia?
Será que então, trataríamos
de sermos melhores
com quem nunca fomos,
por termos de fato achado que,
tais seres não mereciam nossas melhores faces?
Talvez neste dia descobriríamos que o que achamos não passa de pura especulação, em muitos casos, pura pobreza do ser.
E sim perceber que os tantos acessórios, cargas, roupas, os trabalhos, que nos fazem mais bonitos não passam de coisas bonitas, que de tão bonitas ficam.
Encantados como índios, por espelhos tão profundos, nos veríamos como seres tão estranhos quanto o mundo, por interrogar a vida, e clamar por tua existência, tudo no último dia, pardos tristes por falência.
que todos os outros dias posteriores, não sejam tão bons quanto nosso último dia.