SE TENHO ERRADO TANTAS VEZES, POR QUE AINDA SOU UM CRITÉRIO TÃO ABSOLUTO?
Ontem mesmo me enganei com a letra de uma música que jurava saber até de trás pra frente, tropecei em palavras ditas inúmeras vezes dentro dos mais variados assuntos e ambientes, Já errei o look do dia, o enfoque da notícia, operações matemáticas. Me equivoquei com a quantidade de amor compartilhado, dei premiações aos homens errados, reguei flores incansavelmente até perceber que atenção demais também mata. Segreguei por ciúmes, juntei por compaixão, amaldiçoei por medo e me coloquei na frente da morte por puro heroísmo anônimo. Tantos erros contém em si um impulso divino que é ludibriado pelo humanismo. Definitivamente, não sou critério pra nada. Quando defendo um pensamento até o fim, sou uma espécie de tronco enraizado na ignorância, quando sou flexível mostro-me vulnerável, como uma pipa desgovernada em dias de tempestade.
Apesar de tudo, às vezes, tenho a prepotência em achar que sei das coisas, que posso facilmente ver as intenções dos outros, colocar moldura em horizontes desenhados por outrem, achar que sei mais que a natureza só por ter tecnologia, que sei mais que o autor só por ter lido sua obra, que sei do amor dos outros só por ter amado uma vez. Repito, definitivamente, não sou critério pra nada.