Velho Amigo, Violão Velho
E não importa quanto tempo passe, minha vida estará atrelada a um violão...
Seu braço de madeira, suas cordas esticadas, meus dedos entre as cordas, meus braços abraçados na madeira cavada, tentando conversar com o som...
Sozinho, acompanhado, a melodia sempre será uma grande companhia...
Musico? Certamente não, mais um apaixonado talvez...
Acordes? Só me lembro daqueles de três dedos, dos que se consegue expressar entre os dedos mal pressionados, com um som meio abafado, mas ainda assim mágico...
Ao ressoar do primeiro acorde você contempla que consegue fazê-lo dizer oi, num segundo momento consegue reproduzir uma frase, como alguém que repete a fala de um filme...
Mas bonito mesmo é quando você diz oi e ele responde, a conversa então começa...
Se estiver feliz vai contar para ele, e ele responderá lhe contando algo feliz também...
Se estiver triste ele vai perceber, vai falar manso, calmo, tentará te consolar ou te levantar...
Mesmo entre o silêncio dos acordes vocês se entenderão...
Amigo violão, você sempre estará comigo, mesmo maltratando meus dedos com seus cabelos cor de prata...
Ligado à cabos ou com o som da sua própria voz, sem elevações, caixas magnéticas ou seja lá o que for...
Afiná-lo não faço direito, mas certamente é bonito vê-lo responder a mim, como quem conversa sem pressa de acabar a ultima canção...
Me dá uma fina ilusão a imprecisão da minha afinação...
Já que não consigo, sua voz é como a minha, um tanto imprecisa e desafinada às vezes, como alguém que se abaixa para conversar com uma criança para olhar nos olhos...
Perdoa-me por maltratá-lo de vez em quando, seu belíssimo verniz de princípio um tanto descascado esta, perdoa-me, sou um tanto desastrado...
Estar distante me dá saudades, guardo assunto para quando voltar, então continuar nossa prosa...
Que jamais terminará, pois sempre terei algo a dizer, assim como você, velho amigo...