Eu nunca vou te perdoar.
Hoje li uma frase, cujo sentido se expandiu em minha mente de uma maneira que não pude conter. "Não há arte na felicidade". Nunca houve e nunca haverá. Arte nasce da tragédia. Da dor. Do sofrimento. A minha arte está nascendo da perda de mim mesma. Quer saber? Não. Eu nunca vou te perdoar pela maneira como eu estou desmoronando. Nunca vou te perdoar por ter me mostrado que sou alguém que não merece ser amado. Nunca vou te perdoar pelos rios de mim que estão desaguando agora, sem saber para onde ir, porque eu estou perdida. Nunca vou te perdoar por ter feito escolhas. Escolhas. A vida é feita delas, certo? Não, não é certo. Se eu pudesse escolher, eu não estaria aqui. Nunca vou te perdoar, ouviu? Nunca vou te perdoar por ter me deixado amarga. Sem cor. Sem poesia. Nunca vou te perdoar por ter roubado minha inspiração. Nem por ter desacreditado em mim, justamente quando eu mesmo não acreditava mais. Nunca vou te perdoar por não entender meu medo, meu choro, minha solidão. Nem mesmo a dor me faz escrever mais. Nunca vou te perdoar pelas horas no escuro, tentando encontrar um motivo para prosseguir. Não persigo mais nada. Não acredito em ninguém, nem em mim. Nunca vou te perdoar por cada pedaço meu que se vai. Nem por cada noite mal dormida. Não acho que esteja vivendo e, para ser bem sincera, não quero também. Nunca vou te perdoar por me fazer refletir na minha própria alma podre. Sim, tenho a total consciência de que sou a única culpada nisso tudo. É, garoto. Se hoje estou vendo quem sou, é porque você me mostrou. E, Deus tenha piedade de mim, porque nunca vou te perdoar. Nunca vou te perdoar por tudo o que morreu em mim. E em nós.
E, mais do que tudo, nunca vou me perdoar por ter guardado tudo isso, por puro pudor.