Não sei dar títulos

Escrevi há algum tempo sobre máscaras, um poema que fiz quando mais novo. Escrevo novamente em forma de prosa para alertar os malefícios de não tirar a sua máscara enquanto há tempo. Escrevo essa prosa por não saber mais fazer poemas.

Sendo sincero, não faço ideia sobre o que quero escrever, só sei que não é exatamente sobre ser ou não ser, ou se é acaba não sendo. Acho que é um texto para quem se privou de ser o que é foi obrigado a ser outra coisa. Esse texto não é sobre algo, é sobre nada e um pouco de tudo. Um tudo de nada e um nada de tudo.

Um tudo de nada e um nada de tudo: Essa máscara que nos colocam deve, necessariamente, representar – ao mesmo tempo – tudo, mesmo que seu conteúdo seja repleto de nada, por isso um nada de tudo.

Acabam nos etiquetando com as nossas características mais marcantes, deturpam elas em nossos maiores defeitos.

É que a ordem e a originalidade não costumam conviver bem, e assim, fizemos a triste opção de prejudicar a evolução em nome da manutenção da ordem e todo o resto do pacote, todo tipo de arcaísmo, revanchismo e estagnação.

Quando usamos frequentemente nossas máscara as coisas começam pouco a pouco a perder sua cor, a vida começa a deixar de ser poética e começa a virar uma daquelas prosinhas e crônicas chatas que normalmente aparecem no fim das revistas... As coisas começam a ser mecânicas, a se tratar da reprodução mais do que da criação.

Depois de um tempo você não vai mais precisar da sua máscara, é que você acaba se acostumando a ser quem não é e renegando quem foi. Essas questões morais e éticas vão se esvaziando, e dentro de pouco tempo assumirá a sua posição de perpetuador daquilo que te agrediu. Estará girando a grande engrenagem da vida, com sua pequena máquina de rotular em uma mão e um chicote em outro, pois será preciso agredir os desordeiros, pois a sua lógica determinista impõe que eles sejam determinados...

É uma coisa muito estúpida, entendem? Quer dizer, qual é a grande pira das Mascaras? D’onde veio todo esse medo do diferente? Todo medo serve para proteção, mas nos protegermos do que? É um tipo de covardia sem tamanho isso tudo.

Deadeye Poem
Enviado por Deadeye Poem em 30/08/2015
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