Amizade Sincera

Em extremo e último caso, recorremos aos amigos.

Só aos amigos nos será permitido pedir sem a sombra do constrangimento, e, da mesma forma, a eles facultado será negar mesmo que possam, pois, acima de tudo paira a aura do recíproco e sincero entendimento, que releva as circunstâncias, e, certamente te será liberado da dívida, quando atender lhes tenha sido possível.

Ao que recebe o favor, no entanto, embora não cobrado, permanecerá a implacável necessidade moral do resgate, mercê do velado zelo pela manutenção, senão do crédito, mas da consideração e apreço, razões do mútuo respeito e sustentáculo inabalável da amizade sincera.

Qualquer coisa fora disso, simplesmente não será amizade, mas sim a desilusão e sentimento de frustração e fracasso diante das vicissitudes, restando a mágoa a afligir impiedosamente a mente, a corroer a alma e a prostração diante da incapacidade de evitar e ter sucumbido ao elevado preço da perda de um amigo, por tão efêmero valor.

Marco Antonio Pereira

21/06/2007 na iminência de pedir um favor, de caráter não pecuniário, a um amigo, que a longo tempo não vê...

Amicus certus in re incerta cernitur. [Ênio / Cícero, De Amicitia 17.64].

O amigo verdadeiro se reconhece na adversidade.

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 21/06/2007
Reeditado em 22/03/2015
Código do texto: T535692
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