Vinte cinco em um bilhão
As vezes me sinto desnecessária. Digamos que o mundo no qual vivemos seja formado por um bilhão de partículas, que se renovam constantemente, formando cada vez mais partículas. Será que as vinte e cinco que formam meu corpo fariam diferença alguma nesse espaço de tempo de existência? O ser humano passa a vida inteira procurando facetas pra aprender a conviver com a própria miserabilidade. Mas será que realmente dá pra conviver com isso? Ou será que as pessoas simplesmente evitam ter esse tipo de pensamento? Eu não sei. No fundo, eu sou apenas uma menina sentada numa cama, em um quarto fechado. E eu nunca tive certeza de nada. E quando acho que tenho, ela dura tempo suficiente pra me por à prova novamente. Eu queria ter certeza de que sou amada. Queria ter certeza de alguém enxerga as poucas coisas que acho bonitas em mim mesma. Queria ter certeza de que sentem minha falta em algum lugar. Queria ter certeza de que quando eu deixar de existir, alguém vai querer me manter em suas lembranças. Queria ter certeza de que alguém pode amar os meus erros e perdoá-los todos os dias. Queria ter a certeza de que lembrariam de mim ao ouvirem minha banda favorita ou o artista que eu menos gosto. Queria ter a certeza de que guardariam as minhas palavras. Cada uma delas. Porque tudo que eu falo ou escrevo, no fim das contas, é uma parte de mim nesse bilhão de partículas.
Mas a gente nunca tem certeza dessas coisas. A gente simplesmente espera que elas sejam verdade. E eu espero por isso também.