Maktub

Não joguei nada fora, porque nunca me desfaço do passado. Está tudo aqui, nas gavetas e no coração, na estante e na memória, nos cartões e nas poesias. Não sinto ódio, nem ressentimento. Não sinto senão um breve encantamento melancólico, daqueles que sentimos quando lemos algo que havíamos escrito há muito tempo e não acreditamos que fomos nós quem escrevemos. Leio nossa história com suavidade, com nostalgia, e fecho o livro quando termino de ler. Morrem os nomes, sobrenomes, filhos, casas e viagens planejadas. Morre tudo ali, adormecidos na escuridão de um livro fechado. E, como toda história que começa bonita, tem seu fim. Tinha de acontecer, é o que diz Maktub. Sim, tinha de acontecer. E aconteceu. Mas acabou. Estava escrito.

"Quero ver você maior, meu bem

Pra que minha vida siga adiante

Eu tô levando tudo de mim".

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 21/08/2015
Reeditado em 21/08/2015
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