"Motivos"

"Ontem, na impulsividade que me guia, deixei minha ira

despida. E na frieza momentanea dei-me o direito de não ser-

lida: por capricho, vaidade ou medo? Não sei!

Sou um ser complicado. Nas minhas neuras quase sempre

criticadas vou me preenchendo e me descobrindo: talvez marcas

de sofrimento ou desilusão. Mas isso não importa, já passou!

Além de defeitos, sou também qualidades. Já tive que pro-

var isso por diversas vezes, somente para satisfazer aos outros.

Não permito invasão. Sou um soldado caprichoso que zela

pela sua fortaleza: seja ela pequena ou não. No combate, quase -

sempre adquiro cicatrizes, mas muito mais que isso: enrijeço-me.

Quanto mais me entrego, mais me decepciono. E nestes de-

sencontros vou construindo em mim aquilo que chamam de VAZIO.

Certa vez, numa destas minhas impulsividades, disse algumas

verdades que não deveriam ser ditas, mas eu disse. Prejudiquei-me

financeiramente e moralmente, mas fiquei com a alma lavada. Passado

seis meses (depois de perder "quase" tudo) reconheceram que nem

sempre deve-se ignorar uma verdade, mas eu mudei por conta disso.

Quando a razão sucumbi ao coração as ações devem ser anali-

sadas, amenizadas, adormecidas e depois... esquecidas.

Fazia tempo que eu não derrava uma gota de lágrima, e até

que me fez bem sentir que ainda sou capaz de chorar, eu pensei que

havia me tornado "pedra". Foram tantas as decepções sentidas que

endureci o meu mole coração.

Dei-me o direito de não saber o que pensam a respeito daquilo

que escrevo: prefiro isolar-me nos meus pensamentos, poesias,

crônicas, contos entre outros.

Talvez não entendam a minha atitude, que de fato é

estranha!Mas num debate, corpo a corpo, nossas forças são

esmorecidas.Por isso a necessidade do isolamento: nem sempre lerei

(ouvirei) os argumentos, sem deixar minhas forças enfraquecidas.