Despindo-se

Sempre foi mais fácil ser feliz com as luzes apagadas, sem os refletores que insistem em mostrar ao mundo alguém que desconheço. A escuridão do quarto ilumina a minha alma e a qualquer sinal de claridade, vejo um conjunto desconexo. O rosto apático abriga uma mente consciente de quem é e do que quer, mas frente ao espelho, desespera e surta. A pele que me dá forma não dá sentido. Condena e roteiriza a minha vida... droga de vida. A única que tenho é a que nunca vivi. Observo num estado de quase morte o corpo com o qual nasci como se observasse outra pessoa. Invisível pelo que determinam gênero. Uma mulher não percebida, esperando ser revelada.

Débora Brun
Enviado por Débora Brun em 18/08/2015
Reeditado em 11/06/2016
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