Deixo ir
E lá se vai mais um tormento
Esvaziei meu peito
O coração sumiu de mim
Foi atrás de uma razão que lhe convencesse
Perdeu-se por se entregar demais
Deu de si àqueles que nem o queriam
Hoje vaga por aí nessa terra que gira e o leva
Venta muito e ele não é um balão
O céu está nublado mas parece que não vai chover
As tempestades desejadas cairão em cima de outras cabeças
Molharão os cabelos e a face de alguém que não sou eu
Mas a minha alma será lavada e enxuta por meus próprios braços
Envolto-me e me aqueço desse frio cortante que é a escolha
Abri mão do que vinha carregando dentro, larguei o que eu prendia
Deixo ir para longe permanecendo tão próximo, que me leve junto
Mas eu não posso ir
Eu não devo ir
Sem um coração batendo no peito, dentro de outro peito
Assim eu não aguento
Sei que vai ser por pouco tempo
A dor de agora é o pior dos tormentos.