Moça na Janela
Não sei o que sentir,
Nem sei se sinto alguma coisa
Olho pro nada e tudo vejo,
é muito nada em um só lugar
Em algum momento acabei aqui,
Permaneci sem ter escolha
Fico na sala o dia inteiro,
Assistindo o mundo acabar
Levanto, abro a janela
Sinto a brisa no meu rosto
Me engasga tanta fumaça
Dos carros sempre a passar
Me cansa assistir na tela
E como um grito de socorro
Vejo o passear nas praças
E ali que imagino estar
Nesse mundo cheio de tudo
É o vazio que me consome
Pois quando sozinho se dorme
O frio chega a machucar
Viver um eterno luto
Enquanto as suas forças somem
Toda saudade tem nome
E a minha eu já não lembro mais
Não vejo horas, tanto fás
Pois nada muda nessa vida
É como uma eterna subida
Que não se sabe porque sobe
Dando vários passos pra trás
Eu ando muito esquecida
Cansei de contar os dias
Que minha vida percorre
Sigo o mesmo ritual
Com meu peito cheio de dor
Os dias tem a mesma cor
Não sei mais diferenciar
E nesse ciclo atual
Guardo aquele caule da flor
Que ganhei de um antigo amor
Que eu sei que nunca vai voltar...