Moça na Janela

Não sei o que sentir,

Nem sei se sinto alguma coisa

Olho pro nada e tudo vejo,

é muito nada em um só lugar

Em algum momento acabei aqui,

Permaneci sem ter escolha

Fico na sala o dia inteiro,

Assistindo o mundo acabar

Levanto, abro a janela

Sinto a brisa no meu rosto

Me engasga tanta fumaça

Dos carros sempre a passar

Me cansa assistir na tela

E como um grito de socorro

Vejo o passear nas praças

E ali que imagino estar

Nesse mundo cheio de tudo

É o vazio que me consome

Pois quando sozinho se dorme

O frio chega a machucar

Viver um eterno luto

Enquanto as suas forças somem

Toda saudade tem nome

E a minha eu já não lembro mais

Não vejo horas, tanto fás

Pois nada muda nessa vida

É como uma eterna subida

Que não se sabe porque sobe

Dando vários passos pra trás

Eu ando muito esquecida

Cansei de contar os dias

Que minha vida percorre

Sigo o mesmo ritual

Com meu peito cheio de dor

Os dias tem a mesma cor

Não sei mais diferenciar

E nesse ciclo atual

Guardo aquele caule da flor

Que ganhei de um antigo amor

Que eu sei que nunca vai voltar...

Oitavo Anjo do Apocalipse
Enviado por Oitavo Anjo do Apocalipse em 08/08/2015
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