Estarei sempre aqui
É difícil desapegar-se daquilo que já estamos acostumados e que tem grande, enorme valor para nós. Principalmente quando se trata de amizade. Sou humana, tenho instintos, e acho que um dos maiores é o de cuidar demasiadamente dos que amo.
Cuido, protejo, faço de tudo pensando no melhor do outro, quero-o por perto, mas acabo fazendo isso em excesso. Talvez seja meu maior erro. Eu não sei amar de menos, cuidar de menor e está perto de longe. E com esses meus exageros acabo sufocando, cansando e afastando aqueles que mais amo. Dizem que tudo demais faz mal, tudo em excesso não é bom. Talvez isso também se enquadre.
Preciso aprender a deixar os que amo livres, como o velho clichê. E é esse deixar livre que eu temo. Quando uma borboleta cria asas ela voa para longe e pode nunca mais voltar. É disso que tenho medo. Medo de perder para sempre. Medo de que voem para longe de mim. Mas também dizem que as borboletas sempre voltam ao lugar que um dia criaram asas, e é com essa esperança que vou ficar.
Tentarei não cuidar em excesso, não amar em excesso, mas quebrar tudo aquilo que prende essas pessoas a mim. E deixá-las livres, mesmo que isso implique um alto voo para distante de mim. Também tenho que aprender que novas borboletas podem chegar. É o ritmo da vida, estamos hoje aqui e amanhã não mais. Mas quem um dia amamos sempre irá permanecer, mesmo que seja nas lembranças boas guardadas no coração. Afinal, parafraseando Adélia Prado, aquilo que o coração amou fica eterno.
Não o chamo mais de meu amigo, retiro o pronome possessivo e, se me permite, o chamarei apenas de amigo. Estarei sempre aqui.