Veleiro nas águas do Hades
Hoje aqui, sei o que estou sendo de útil e aproveitável. Daqui, neste momento posso descobrir minhas verdades e minhas mentiras. Posso meditar em meu caminho o curso das coisas que precisarão ser valorizadas. Dentro de mim não há farsas, apenas pensamentos rebeldes da indisciplina. Saber o verdadeiro que poderei ser não é uma vantagem para os outros. Como mergulhar num mar de contendas é viver sendo humano dependente de atenção. Estou aqui. Eu sei que estou. Mas por saber do meu eu pouca coisa, o muito deste eu conhecido, compartilho com as sombras dos transeuntes que passam sem respirar. Eu estou mesmo vivo? E se estou quem é este cadáver que insiste em seguir-me aos meus jardins? Mortais ideias brotam na massa esquelética coberta de carne e musculo, mas o fluido que constitui as veneradas crenças criam mais devaneios na religião chamada . . . Cegueira. Minhas mãos se perdem em tantas palavras, e nada faz tanto sentido de paz e alegria como a ignorância dos caboclos. Sinto que me aproximo da meta dos fracassos, mas haverá misericórdia em um copo d´agua, que embebido por um homem que descrer que morrerá sem derramar lágrimas por si mesmo?! Ontem eu lembro que tem irmãos mais merecedores de cuidado, e que minha revolta em não buscar a imitação dos seres que realmente estão distantes deste aqui. É tristemente afã. Pra mim como criança contempladora dos pais imaginários, e dos irmãos futuristas, entendi que não há palavras que descrevam o mito das bruxas e dos anjos. Mas Deus é tão bom que perdoa os erros das suas criaturas filosóficas. Deus é bom, e sabe que eu sou o que não desejo ser de ontem para o depois, mas o hoje não recusa suas cobranças do agora que posso ser em todos os amanhãs. Saiba que os dias se aproximam. . . E viver é uma poesia que ninguém lê, mas que muitos escrevem.