Somos propriedades da morte

“Cada um sai da vida do mesmo modo como se tivesse acabado de nascer.” (Epicuro)

Estamos caminhando para o nosso próprio fim. A morte é o prêmio que nos espera; o prêmio que todos receberemos. Isso não é novidade; eu quero apenas lembrar. Talvez muitos se esqueçam disso. Nem adianta sentir-se melhor do que outrem. Ninguém se livra da “indesejável das gentes”.

Quem quiser alimentar o sentimento de superioridade, aproveite! Pois ninguém sabe o momento do próprio fim, o momento do fim de sua suposta superioridade.

Não é segredo que todos caminhamos para o nosso fim. Mas muitos indivíduos vivem como se fossem imortais. O poeta Manuel Bandeira escreveu:

“Quando a indesejada das gentes chegar

(Não sei se dura ou caroável),

Talvez eu tenha medo.

Talvez sorria, ou diga:

– Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer.”

[...]

Esses versos do poeta mostram que a morte é indesejada. As pessoas não gostam dela. No entanto, faz-se necessário reconhecer que ela não está preocupada com o que pensamos. A sua visita é inevitável. A morte não busca a nossa simpatia ou antipatia, nem espera a realização dos nossos desejos e projetos. Quando ela quiser, inevitavelmente, ela virá nos buscar. Somos todos dela. Somos propriedades da morte. Ninguém é forte diante da “indesejada das gentes”.

A morte não tem compaixão dos belos corpos; dos amores; dos poetas que cantam o amor e a vida, a saudade e a simpatia. A beleza das pessoas não lhe importa. A indesejada não se importa com a “beleza” ou “feiura” das pessoas; com a pobreza ou a riqueza; estatura ou condição social. Ela não precisa da nossa simpatia. Querendo ou não, somos propriedades dela. O coração dela é muito grande: cabe todos nós.

Não me considere fatídico. Fatídica é a iniludível. Todavia, eu não mais me importo com o que você pensa. Afinal, o que você pensa não vai modificar o fato de que você não terá um fim melhor do que eu. Você ficará na solidão eterna, na escuridão, apodrecendo, assim como eu. Nossos corpos virarão pó. A atitude sábia é sermos humildes e verdadeiramente humanos. Mas eu amo a vida. Eu sou um homem verdadeiramente apaixonado pela vida!

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 21/07/2015
Reeditado em 21/07/2015
Código do texto: T5318624
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