MEDO



        Tenho medo. A essa altura da vida tenho um medo difuso, com muitas caras e nenhuma; medo que é medo de mim, mais do que de tudo; medo do que sinto, do que não sinto, do que gostaria de sentir, do que não gostaria de sentir, do que gostaria de viver, do que não gostaria de viver.
        Só não tenho medo da solidão, de tanto que ela me tem sido familiar e feito companhia... há muito tempo. Se pudesse, teria mais da minha própria companhia... De mim sinto uma saudade e tanto... Uma saudade e tanto... Uma saudade... e põe saudade nisso...