ONDE ESTÁ A CHAVE?
O Ser Humano, dotado de uma boa cultura, complementada por dons literários que lhe conferem facilidade em desenvolver, ordenar e registrar as suas idéias, pode perfeitamente elaborar textos de difícil interpretação, especialmente para os que não possuírem qualificações e dons compatíveis, como ocorre com os técnicos especializados, que possuem conhecimentos específicos mais profundos, os quais não podem ser absorvidos pelos leigos no respectivo segmento técnico. Essas circunstâncias não constituem um quadro depreciativo ou constrangedor para ninguém, pois a diversidade da sociedade humana é tão importante e necessária, quanto a diversidade dos órgãos que integram o corpo humano, pois em ambas as situações, essa diversidade é indispensável, tanto para a satisfação das funções mais nobres, como das menos nobres, que atendem à todas as necessidades. Como se sabe, qualquer órgão do corpo humano que não funcionar regularmente, comprometerá gravemente o conjunto de todos os órgãos. Da mesma forma, isso ocorre com as atividades dos seres humanos, onde podemos verificar o caos que se instala em uma cidade, quando o pessoal da limpeza pública entra em uma greve prolongada.
Além destes aspectos, que são característicos das atividades racionais, temos as questões relativas ao desenvolvimento das potencialidades espirituais, cuja percepção é revestida de maior complexidade, as quais não podem ser demonstradas através de produtos manufaturados, como as idéias dos carpinteiros que se revelam nos móveis que produzem, ou efeitos visíveis como a limpeza do ambiente após a ação dos garis. Isso ocorre com as incursões intuitivas dos seres humanos, presentes em todas as abstrações, que se restringem ao exercício apenas do pensamento puro, como por exemplo, os devaneios filosóficos, as fantasias dos astrofísicos teóricos, as interpretações divergentes dos teólogos (sob o “véu de Moisés”), cujos exemplos, estabelecem conceitos que são polêmicos e controversos, que invariavelmente geram conflitos e que conduzem todos ao beco sem saída, incluindo os próprios teólogos, filósofos e cientistas. (Hebreus 5;11a14) (Deus e os Astrônomos – R. Jastrow)
Todos nós, seres humanos, não podemos negar que temos em nossa própria constituição, uma respeitável gama de defeitos, dentre os quais a preguiça, em função da qual costumamos enfatizar a lei do mínimo esforço. É inegável, também, que de certo modo a preguiça contribuiu para avanços tecnológicos, que minimizaram os esforços físicos e intelectuais, o que proporcionou o advento das academias de ginástica para suprir o sedentarismo físico, e os jogos eletrônicos de diversões e quebra-cabeças, para o exercício da mente, mas também estes são atingidos pela preguiça. Além disso, a preguiça gerou o desapego a tudo aquilo que não tenha uma utilidade imediata, para a obtenção de quaisquer tipos de vantagens e benefícios, ou mesmo a satisfação de vaidades ou de caprichos pessoais, de modo mais acentuado, no tocante aos aspectos do mundo material. Por outro lado, a preguiça no tocante à evolução espiritual, faz com que se transfira aos teólogos e similares, a responsabilidade pela correta interpretação de tudo o que se relaciona ao espírito, cuja interpretação exige exaustivos estudos, que afinal não trazem vantagens materiais concretas e imediatas, mesmo porque, quando estas forem o objetivo, como nas denominações teológicas, desaparece a evolução e passa a ocorrer a involução espiritual.
Além disso, os problemas relativos ao mundo espiritual, de modo geral são ignorados pelo ser humano, especialmente nas fases iniciais da vida, inclusive na juventude, quando o apogeu dos atributos físicos, assim como as pretensões relativas à expansão patrimonial falam mais alto e orientam com maior intensidade essa etapa da jornada. Mas, também como uma propriedade intrínseca, o ser humano carrega consigo muitas inquietações (Eclesiástico 3;22 a 26), as quais passam a aflorar com mais intensidade a partir da idade descrita pelos “enta”, quando a juventude cede lugar à chamada “terceira idade”, mais propensa à meditação, baseada na avaliação e análise das experiências acumuladas. A partir daí, com exceção dos casos de precocidade, o ser humano se defronta com aquelas perguntas que faz a si próprio e para as quais não consegue encontrar respostas. Basicamente, essas perguntas são: Quem sou eu? De onde eu vim? Para onde eu vou? Existe vida após a morte? Qual é o sentido da vida? Deus existe? Quem ou o que é Deus? (Eclesiástico 40;1a10) Então, o ser humano inquieto, às vezes transtornado, levanta a cabeça, olha para todos os lados e se dá conta, de imediato, de que ninguém e nenhuma instituição produzida pelos homens poderá lhe fornecer as respostas. Como essas inquietações não o abandonam, o ser humano vive atormentado, e muitos passam a perseguir com maior obstinação as respostas, sendo então conduzidos aos umbrais de duas portas: à porta da Razão e à porta do Espírito (Mateus 7;13,14). Através da Razão, eles chegarão até os cientistas da natureza, os quais acumularam uma montanha de teorias parciais e não conseguiram, até hoje, obter as mesmas respostas. Ainda através da Razão, eles consultarão as inúmeras denominações teológicas, de todos os matizes, cartomantes, videntes, ou quaisquer outras entidades equivalentes, que lhes apresentarão as suas interpretações, as suas solenidades, rituais, dogmas, as suas imagens com as suas histórias (I Timóteo 1;3,4), quase sempre devidamente remunerados, mas que, apesar de tudo isso, também eles não lhes fornecerão as respostas tão desejadas, as quais transcendem a esfera das possibilidades racionais.
Finalmente, percebendo que a porta do Espírito está fechada, o ser humano, individualmente, sem nenhuma interferência de outros semelhantes, percebe também por si mesmo, que ele próprio deve procurar aquelas respostas, pois todos os seres humanos, neste caso, teoricamente estariam absolutamente nivelados, em potência, quanto às suas possibilidades de transpor os umbrais daquela porta, mas as histórias predeterminadas, que foram escritas parcial e individualmente, ao longo do percurso de cada um, não são iguais, portanto devem ter ocorrido escolhas que transcendem a racionalidade, possibilitando a ocorrência de fenômenos que a Razão, por si só, não consegue compreender, mas que são compreendidos somente pelo Espírito. (I Coríntios 2;14)) Com efeito, os textos bíblicos nos indicam que um terço (33,3%) será admitido além daquela porta, e dois terços (66,6%) não a ultrapassarão, conforme (Zacarias 13;8,9)). O número 666 é bastante significativo, não é mesmo? (Apocalipse 13;18)
Os pesquisadores que buscam as respostas sem preconceitos, sem sectarismos e muito menos fanatismos, tanto o fazem nos conhecimentos racionais prováveis e improváveis, como por meio das conjecturas de caráter apenas espiritual, as quais podem se transformar em conhecimentos, porém essencialmente improváveis. Ora, tanto os conhecimentos racionais improváveis, como os espirituais, são paradoxalmente irrefutáveis ao lado da suas respectivas improbabilidades. Os conhecimentos racionais improváveis somente podem se tornar prováveis, se comprovados de forma inequívoca e definitiva, enquanto os conhecimentos espirituais somente são comprovados para quem os adquiriu, não havendo a menor possibilidade de transferi-los para outrem, conforme (I Coríntios 2;14,15).
No esforço para as pesquisas, buscando pelos conhecimentos espirituais, muitos se enroscam no sentido literal dos textos bíblicos, ou nas fábulas, genealogias e histórias dos povos antigos, inclusive a história da “família” de Cristo, e aí permanecem como as moscas aprisionadas nas teias de aranha, quando deveriam concentrar os seus esforços nos livros de sabedoria, nos livros dos Profetas, (Velho e Novo Testamentos) (II Pedro 1;18a21) procurando juntar as “peças”, como em um “quebra-cabeças”, mas isso por si só ou em pequenos grupos de pessoas realmente interessadas e independentes, sem se sujeitarem a regras, solenidades, rituais, dogmas, etc., produzidos por instituições orientadas por interesses comerciais e políticos, as quais, evidentemente, não têm as respostas que todos procuramos. Com efeito, muitos pesquisadores encalhados nas parábolas e histórias bíblicas, não conseguem encontrar os fragmentos, dispersos propositadamente (Mateus 13;10a23) nos textos, espalhados nos diversos livros que compõem a Bíblia, os quais devidamente ordenados, configuram um amplo entendimento, indicando os contornos de uma estrutura que faz sentido e que pode ser compreendida pelos estudiosos mais atentos, independentes, sem preconceitos e não vinculados a instituições, não limitados por regras e tradições, que padronizam e restringem a capacidade dos seus sectários, impedindo-os de alcançar os conhecimentos espirituais. (II Coríntios 3;13a18) Surge então, o momento de colocarmos a Bíblia (a mais completa que é a dos católicos) sobre a escrivaninha e dedicarmo-nos a estudar os seus textos, sabendo de antemão, que às vezes bastará o sentido literal das palavras, e outras vezes teremos que alcançar o seu sentido subjacente, para que seja possível a compreensão do seu sentido substancial. É exatamente neste ponto, que os escribas e fariseus ficam encalhados na Primeira Aliança ou no decálogo de Moisés, que é o ministério da morte. (II Coríntios 3;7))
Aqueles que desejarem encontrar a “Chave”, além do estudo geral da Bíblia, (menos as fábulas, genealogias e histórias em geral, para não perder tempo) poderão deter-se no exame de Hebreus 8;1a13, (texto similar a Jeremias 31;31a34) cujo sentido subjacente, alcançado pelo persistente estudante, poderá abrir vários canais, possibilitar conexões e abreviar a sua jornada. Aliás, para a melhor compreensão do conteúdo geral deste trabalho, recomenda-se verificar na Bíblia os capítulos e versículos indicados, simultaneamente com a leitura.
I Coríntios 2;14 – O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são absurdas; e não pode entendê-las, porque se compreendem espiritualmente. 15 – Mas aquele que é espiritual compreende todas as coisas, ao passo que ele mesmo não é compreendido por ninguém.
Os estudantes persistentes, que ainda não encontraram a “Chave”, e somente ela, a única que pode abrir a porta espiritual, devem usar essa persistência para “lutar com Deus”, até que Ele os abençoe e mude o seu nome: de Jacó para Israel, (Gênesis 32;23a31) pois Jacó está para Moisés (a Lei), assim como Israel está para Cristo (a Graça). Mas é conveniente apressar-se: (Romanos 9;27- Também Isaías exclama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.)
Feliz jornada e boa sorte ao Jacó, para encontrar a “Chave”. Parabéns ao Israel por tê-la encontrado e boa sorte para não perdê-la.
Que sejamos integrantes do remanescente, se Deus quiser. Glória a Deus!