Respostas

Nesse silêncio em que me encontro escuto perguntas que vão sumindo sem respostas.

Porque não luto nem contra nem à favor ao que sinto? Todas as vezes que lutei, eu perdi. Seriam perdas realmente ou aprendizados como dizem?

Em noites como essa busco respostas. Várias. Todas.

A verdade é que eu sei, sei de tudo, mas temo. Logo, prefiro fingir, me enganar que nada sei. É mais prático e fácil.

Como e porque tentar explicar coisas que ninguém nunca conseguiu definir? Logo eu tão indecisa e inconstante me arriscaria assim?

Acho que não tenho esse direito, já que o destino (ou o acaso) nos move, nos leva à caminhos, domina nossas vidas, nos guia para o desconhecido.

Mas eu, que tenho tantas dentro de mim, cismo em procurar respostas.

Porque um olhar quase sempre diz tantas coisas sem nenhum som emitir?

Porque muitas de nossas atitudes contradizem nossas palavras?

Eu, de tão inquieta e teimosa, insisto em tentar responder.

As palavras afirmam demais, têm muita certeza quando saem. Elas são como adultos, frios e calculistas, que mesmo sem pensar, sempre querem dizer alguma coisa. As palavras são perigosas, dizem o que não é de fato. Escondem. Mentem.

Já os olhares vêm com inocência e pureza. Como crianças, sem maldades, sem intenções, sem querer. Por isso os olhares são tão admiráveis. Eles falam a verdade, dizem o que as palavras não têm coragem.

Eu não me envergonho de preferir os olhares do que as palavras. Talvez porque minha única verdade está justamente em meu olhar. Está no meu modo de preferir o tal do "Quem és" e não o "O que tens".

"Quem" é muito mais interessante. O "O que" é explicável, previsível, sem graça.

É claro que minhas respostas não são conclusivas, pois tudo muda a todo o tempo e eu mesma, às vezes, não quero acreditar nas minhas verdades.

Porém vejo uma lógica nessas respostas, e enquanto ela permanecer intacta, é nisso que acredito fielmente.

Eu sempre procuro respostas, por isso prefiro os olhares.