Apenas o importante!

“Defina para si próprio, desde o início, uma marca ou um estilo de conduta que você mantenha quando está sozinho e também quando na sociedade dos homens. Esteja em silêncio na maior parte do tempo, ou, se tiver de falar, fale apenas aquilo que é necessário e em poucas palavras. Fale, mas raramente, se a ocasião assim o exige, mas não fale de coisas ordinárias – de gladiadores, corridas de cavalo, ou atletas, ou de carnes ou bebidas – estes são tópicos que surgem em todos os lugares, mas, acima de tudo, não fale dos homens, seja em acusação, ou elogios, ou comparações. Se puder, conduza a conversação que ocorre na sua presença para algum assunto apropriado; e, se você, por acaso, se encontrar no meio de estranhos, permaneça em silêncio. Não ria muito, nem frente a muitas coisas, nem sem algum tipo de controle.” (Epicteto, Manual)

Comentário:

Para o filósofo estoico Epicteto, devemos falar apenas o que é importante; apenas o necessário. Muitas pessoas não têm controle; a verborreia domina a vida de muitos indivíduos; o mundo atual é um bom exemplo do que aqui é dito.

Há quem se dedique a falar mal da vida alheia, porque não tem nada mais importante na sua vida para receber atenção. A vida de muitas pessoas é tão insignificante, que o melhor assunto para elas é a vida alheia. A fofoca domina as conversas cotidianas. É muito difícil encontrar alguém que fale sobre algo realmente importante. No dia a dia, quem não fala sobre a vida das pessoas; beleza e feiura; farras; bebidas, não irá falar muita coisa. Mas isso depende do ambiente. Vejo pessoas que, se não tiverem nada importante para falar, não falam nada. Isso é raro; está ficando raro.

Quem exerce a arte de pensar não perde tempo falando mal de outrem. Há pessoas que evitam até as redes sociais, porque nelas há muita coisa insignificante. Um dos filósofos brasileiros atuais, Mario Sergio Cortella, disse, numa entrevista a um programa no SBT, que não usa rede social. Segundo ele, a internet deve ser usada com critérios. Já vi alguns cantores fazendo a mesma afirmação. Não foi cantor novo, fique certo; isso é evidente.

A minha relação com o Facebook, única rede social que uso, não é boa. Há muita bobagem nessa rede social, apesar de haver muita coisa boa. Estou observando as páginas de alguns amigos. Vejo tanta coisa boa, digna de receber uma curtida, um comentário, mas não recebe nem uma; nem eu curto. Mas poste a foto de uma mulher pelada, de um bêbado, de uma briga, de um acidente, de alguém morto. Veja o número de curtidas e de compartilhamentos. Mas o que é importante não depende de uma curtida ou de um compartilhamento para ser importante.

Vivemos numa sociedade vazia, superficial, que fala o que não deve, curte o que não merece e compartilha o que não acrescenta nada bom à sua vida. As pessoas gostam de falar mal da vida alheia; falam o que não devem; não pensam antes nem depois de falar.

Bem-aventurado quem encontra alguém que gosta de conversar sobre algo importante. A maior parte da minha vida é no silêncio. Desde a minha infância que o meu comportamento é compatível com o que é defendido pelo estoicismo, antes mesmo de saber alguma coisa sobre essa escola filosófica.

Prefiro falar apenas o que é importante. E você? Brincar, às vezes, também é importante. Não estou defendendo uma vida sem sal, sem sorriso, sem alegria. Tudo depende do equilíbrio, como diz Aristóteles. Eu vivo buscando uma vida equilibrada. Eu vivo buscando falar e fazer apenas o que é importante.

Obs.: Fofocar, falar mal da vida alheia, ver que uma mulher está muito feia, não é mais a mulher de antes, zombar das pessoas, brigar, guerrear, mentir, tudo isso é importante para muitos indivíduos. Lamentável!

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 15/07/2015
Código do texto: T5311552
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