O mundo é estático
A poesia que de ti emerge soa barafusta onde a minha casa fica. Escrita em letras grandes nas paredes do meu quarto, amante da minha insanidade ou clarividência, impregnada com o cheiro de papel queimado que resta debaixo do meu pé. As cinzas mantêm-se suspensas, como partículas dos meus ossos, forçadamente estáticas pela janela trancada, esperando por uma brisa trazida pela morte que as liberte do seu estado tolhido por um amor ignorado.
A minha prosa, escrita em cima da minha cama, procura contar outra história, escrita pelo suor febril e vazio, consequência de um amor imensurável e esguio como a minha sombra. Silencioso, paciente e sempre presente, preso na minha traqueia, inundando os meus ouvidos e turvando a minha visão, como gotas de água que ecoam na minha mente a um compasso desorientado.
Uma poesia que todos lêem, mas que poucos optam por a não ignorar.