SUBMUNDO

COMECEI O poema pensando tão somente nos menores desvalidos tendo miscigenado para os demais que sofrem de abandono

material, de abandono pelos governantes enfim da própria sorte!

Ao ver aquelas criaturas,

Estudando à luz fosca de um lampião,

Entendo quanto a vida é dura,

Lembro-me quando andava pé no chão,

Não sei até quanto se atura,

Faltando tudo, às vezes até o pão.

Pobres crianças que pagam o que não devem,

Que ao certo gostaria de gritar,

Tirem-me daqui ou pra longe me levem!

Tenho vontade de viver e de estudar!

Faltam-lhe tudo até carinho,

Não têm conforto e tudo mais,

Vivem de pés rachados e com espinhos,

Vivem na luta pelo pão e paz,

Que ao certo, pobres pequeninos,

Vivem e vão-se em longos vendavais.

Não restam sequer apontamentos,

De sua vivência ou passagem por aqui,

Não têm sequer registro de nascimentos,

Passam desapercebidas, porém eu as vi.

Vi e vejo porque sofro também,

Ao ver tantos com muitos e a muitos faltando,

Uns milionários, outros nem tem,

Um pouco do que em outros, sobrando,

Que no lixo de rico vai e vem,

E ao vento, sobem e saem voando.

Pobres criaturas ao léu jogadas,

Sem quaisquer amparos ou proteção,

Ao relento entregues, abandonadas,

De lar, carentes na desilusão,

Dormindo ao frio pelas calçadas,

E o que é pior, sem ter o pão.

Onde estão os homens deste mundo,

Que nada fazem para ao menos mudar,

Este caos lastimável, profundo,

Que nos envolve e nos vai matar,

Numa fração de alguns segundos,

Se quiserem tudo podem melhorar.

E para que servem os estudos?

Intelectuais vagarosos e lentos,

Onde o saber não é tudo,

E o mundo cada vez mais cinzento...