Pensamento: e os condicionamentos?
Considerando que somos seres em permanente construção a reiterada discussão da sexualidade feminina como é hábito se ver é garantir a continuidade do tabu que oprime a mulher sob a áurea do esclarecimento e, ao inverso disso, a ausência, também habitual de discussão da sexualidade masculina é uma naturalização que garante a suposta superioridade masculina machista na sociedade contemporânea.
Uma cultura de gênero que se faz nessa perspectiva é dupla opressão do homem e da mulher, pois desconsidera a dignidade das duas alteridades.
É uma postura conceitual que considera a mulher como alguém sem autonomia e incapaz de dizer o que é certo ou não para si mesma, portanto alguém que precisa de um sujeito suposto saber para dizer o que lhe é (ou não) pertinente. Do mesmo modo, pelo silenciamento a respeito da sexualidade masculina, é uma postura que considera o homem como alguém totalmente autônomo, o que pode dar-lhe uma comodidade na ação, mas, por outro lado o aprisiona pois que desconsidera, como de qualquer outra, as fragilidades da construção sua individualidade.
Indivíduos de orientação sexual masculina ou feminina (homens e mulheres) precisam não se deixar enganar por cantos de sereia: ela de que é preciso lutar, sem descanso, de modo aguerrido para se emancipar e ele de que tudo está dado e nada mais precisa fazer para se construir. Posturas disjuntivas, como habitualmente vemos servem, apenas, para aprisionar os indivíduos de ambos os gêneros nos ordenamentos conceituais para eles preparados. O que dizer, então, a respeito dos indivíduos de outras orientações sexuais?
Se quiserem alcançarem alguma autonomia – afetiva e emocional, intelectual, política e econômica referente as suas identidades de gênero os indivíduos de orientação masculina e feminina (homens e mulheres) precisam igualmente travar uma luta diária para se libertarem das muitas determinações que a priori lhe são dadas
na vida social e cultural.