MORTE
MORTE
Pseudo descanso, eterno.
Uma torrente de transformações encriptadas no mausoleum,
Fala-se pesarosamente sobre o Adeus, pois o corpo que jaz daqui há pouco, transmuta,
Os estados físicos independem das leis coligativas,
Filosoficamente, voltamos a origem de tudo, o oviduto de Gaia,
Na forma de elementos primordiais, são atrações para Raflesias,
Esses são ícones que veneram a putricina e a cadaverina,
Solo produtivo e um voraz de orgânicos,
A morte alimenta outras vidas, uma relação constituída no paradoxo,
Mais uma vez, perfume para Arácias,
Como um passe de mágica, voilà, entende-se de novo o adeus,
Lágrimas correm de rostos, essas percolam à terra,
Não lavam as saudades, afinal o que somos ?
Apenas passamos por algum capricho de alguém ?
Apressamo-nos na escola, no trabalho, ter filhos, comprar os pertences....
Já sabemos da contagem regressiva, o tic–tac, esgota-se o tempo,
Mudanças quais a uma metamorfose, holoblástica,
O espelho não traduz a verdade, ou ela não é aceita ?
Finito, não se mostra com a crueldade da degradação, ainda em vida,
Tributo pago pelo pecado,
O tributo pago por viver é a descaracterização de forma impiedosa,
Fagocitado somos antes e depois da morte,
Fótons, micropartículas, desidratação, revés celular – apoptose nem sempre inteligente, a busca incessante,
O desbotar da vida, silenciosamente implacável,
Da primavera ao inverno, caliptras da vida não se enxerga.
A poeira ou a neve surgem para sedimentar o jazigo,
Somos combustíveis no grande motor contínuo da vida/morte,
Que pulsa de forma impiedosa e na procura de material dentro do grande ciclo perpétuo,
Acidez ou basicidade ? Não há uma fórmula final, não há melhor ou pior,
Escolhas somente enquanto houver consciência,
Mas, na inconsciência é que somos libertos das incertezas,
Seguimos no mar dos elementos, torrentes de matéria na qual fazemos parte,
Compomos o mundo, somos aquilo que ocupa lugar no espaço,
Mesmo disforme, somos um corpo, mas sem sermos uma porção limitada da matéria,
Aí é que surge a razão para tudo, pois a verdadeira inteireza se forma.