Rascunhos do ser
Sou cheia de manias. Uso-as para viver. Dizem que eu criei uma redoma de vidro em volta de mim e que não permito que ninguém se aproxime, ou pelo menos, não até o limite que eu estabeleci. Eu sou diferente, é só isso. Ao contrário dos outros, eu não consigo falar de mim com desenvoltura e nem me prender só no meu íntimo. Por isso, sou livre quando posso escrever ou ler. Escrevo para desabafar todas as minhas angústias. Leio para esquecer todas as dúvidas. Choro para aliviar a dor dos erros cometidos. Sorrio para disfarçar as tristezas contidas. Observo a passagem do tempo e o agradeço por trazer a maturidade. Mas sou feliz em ainda conservar um pouco da meiguice juvenil. Sou ruído e silêncio. Quando não sou a tempestade de emoções, sou a calmaria de um bom ombro amigo. Sinto saudade das passagens vividas e dos entes queridos, mas também me desapego do que me faz infeliz. Me perco, muitas vezes, em pensamentos e vazios. Em outros, falo demais. Enfim, quando não sou 8, sou 80. Vivo ao meu modo, pois só sei viver assim. E, ás vezes, com reflexões de mim, posso compor pequenos rascunhos do meu ser para tentar não me perder no caminho.