Mulher

Vejo ela caída, é uma folha seca. Seus olhos tristes parecem não ver nada, procurando menos dor nessa tortura silenciosa. Sua pele negra está marcada, seus cabelos estão desalinhados e seus olhos brotam lágrimas preguiçosas já cansados de chorar. Ela não tem forças para se levantar, está manchado de sangue o seu vestido rasgado, quase nua e com frio ela treme. Treme também de medo, pavor das lembranças de horas atrás, pavor daquelas mãos malditas que maltrataram seu orgulho. Mãos estas que a humilhou de todas as formas possíveis, que machucou seu corpo e feriu gravemente sua alma. Mãos estas que plantaram ódio em seu coração frágil demais para guardar esse sentimento. Ela escolheu se levantar, mas sem forças conseguiu somente se arrastar pelo chão, chorou amargamente e clamou a Deus por justiça, nesse momento ela levantou, e saiu daquela maldita viela, foi andando pelas ruas mas escolheu por não abaixar a cabeça. Ela viu olhares que a condenaram, que a culparam pelo que havia acontecido, também viu olhares de pena, e viu olhares que não se importaram, ela viu de tudo mas continuou andando. Ela chegou em casa, tomou um banho, deitou em sua cama e chorou por horas, depois lavou o rosto e colocou seu vestido preferido, ela se sentiu nua, com medo, o vestido mostrava suas pernas... Ela não se sentia mais segura com suas roupas, estava com medo, mas resolveu ficar com seu vestido e colocou uma sandália que combinava, escolheu não se entregar a melancolia. Ela foi a delegacia e contou sobre o estupro, foi atendida por um homem que não deu a devida importância, mas ela fez a denúncia e voltou para sua casa. O que será dela agora? Ela é só mais uma de muitas, meninas marcadas e desprotegidas...

LARI SSA
Enviado por LARI SSA em 21/06/2015
Reeditado em 25/09/2015
Código do texto: T5284290
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