A síndrome "Dia dos namorados"
Hoje acordei de mal humor justamente porque estava resfriada, desarrumada, unhas mal feitas, cabelo sujo e a cara cheia de espinhas, passei o dia de mau humor porque queria fazer aquele roteiro chato de dia dos namorados com o meu companheiro.
No fim do dia, depois que meu "ótimo" humor contagiou o ambiente, parei, olhei pra mim, pra meu namorado e refleti: Sério que eu preciso me sentir assim por causa de uma data comercial? Meu relacionamento não precisa disso, depois de tudo que passamos, a luta que travamos pra quebrar aquele namoro padrão que todo mundo vive, e que hoje acreditamos que namorar não é sinônimo de propriedade privada, que podemos viver e experimentar coisas que a vida nos permite, podemos sair juntos, sair com amigos, sair sozinho, beber até encher a cara, rir, dançar, fazer nossas escolhas individuais sem essa coisa ridícula de esperar que o outro aprove, seu parceiro não é seu dono, quem foi que disse que você deve limitar sua vida, seus sentimentos por causa de um relacionamento?
Parceiros são como uma amizade colorida, são pessoas em que você ama, quer pertinho de você, onde vive ótimos momentos, compartilha segredos, fala e escuta, vive intimidades e não aquela pessoa que controla sua vida sabe, as pessoas acham que namorar é sinônimo de prisão, de dominação, onde acha que o outro sabe das suas necessidades e se acha no direito de controlar isso, gente, nós mesmos nem sabemos direito nossas necessidades, vivemos em constante mudanças, hoje o que eu gosto e é bom pra mim, amanhã pode não ser mais isso e onde eu acho que devo controlar isso no meu parceiro?
Nossa luta foi grande e passamos bastante tempo pra perceber tudo isso e as pessoas ainda acham estranho ás vezes e até podem julgar mal, eu entendo claro, é uma coisa nova, quebra de tradição e eu adoro isso. Quando finalmente viajei no tempo e percebi tudo isso, desencanei, tomei um banho, deitei com meu namorado e ficamos horas ali juntinhos conversando abraçados no friozinho, sabe aproveitando cada minuto que temos juntos pois isso é o que importa, meu dia dos namorados não teve aquela sequência do roteiro: surpresa, jantar, presente e sexo, apenas fizemos o mais importante, curtimos juntos o presente que nos cabia viver aquele momento, bagunçamos o roteiro, um elemento ficou, outro mudamos de data, hora, etc e isso é que é o mágico da coisa.
Acho que essa coisa ensaiada, feita por obrigação se torna muito chato, monótono e em repetidas vezes entediante, vamos nos tornar espontâneos, nos presentear em vários dias do ano, nos respeitar, nos permitir, dar espaço e privacidade ao outro assim que ele necessitar, viver mais o momento do que se preocupar se ele ou ela ficará com você a vida toda ou se irá lhe deixar, vamos deixar de farsas e aprender a amar o ano todo e não apenas num "dia padrão".