Para que tanto tiro, meu Deus?
Sociedade suja, corrupta e sobrecarregada de tiros! O capital toma conta do mundo de tal forma que a voz silenciada se expressa por meio de um rifle. A escravização das mentes humanas está cada vez mais presente.
Sou fragmentação de toda essa nojeira e me sinto vítima e praticante de atos negligenciosos. Quando não me importo com o mendigo à beira de uma calçada qualquer, estou ignorando o coletivo, o bem- estar de toda uma nação. Mas para que me importar com o grotesco e esquecido? Para que ter empatia por quem não faz nada por mim?
Só sentimos os efeitos de uma corrupção quando os impostos aumentam. Por quê? Porque o individual prevalece no século da depressão. Quero lutar, meu Deus, lutar! Mostrar para sociedade que não somos tão alienados, entender que todos juntos podemos modificar e beneficiar a política, mas não somente os três poderes: judiciário, legislativo e o executivo. Somos políticos, pois tratamos de ética, moral, justiça e organização assim como aqueles que trabalham com o ato governamental.
Eu posso levar um tiro, você que lerá este texto pode levar outro. Não estamos fora desse sistema opressor e meritocrático. O projétil é a metáfora da traição e trai-se sempre, cada segundo é uma vida perdida, condenada: “-Vamos, vire de costas que eu vou te trair, sua babaca!”. Pena que ninguém avisa dos males do mundo, e dos tiros que levamos quando cara a cara com o bandido (e não estou falando do favelado), porque tenho vontade de voltar para o útero de minha mãe e ficar protegida.
Espero que um dia a violência diminua e que a sociedade tome consciência de que a atuação individual reflete na vida de todos os indivíduos deste planeta. Parafraseando Chico Buarque, com muita honra, quando diz que as pessoas têm medo de mudança e ele de que nada mude.