Reserva especial
Não sei fazer café fraco. Não aprecio o convencional, que é facilmente traduzido em palavras. Gosto mesmo é da dificuldade de descrever uma passagem; um sentimento; uma pessoa, pela intensidade que a pertence. Sou daquele tipo de gente que não sabe o formato do próprio rosto; que não suporta um sapato esmagando suas últimas forças para se manter de pé; que chega pela metade na vida de alguém.
Aliás, não aprecio nada daquilo que se é dado aos pedaços. Veja, não é como ser moderado, onde se tem cautela por onde anda- isto é necessário. Falo daqueles que estão- e não estão; daquilo que é quente- mas nem tanto; de coisas que até servem- mas só quebram o galho.
É preciso entender que a vida passa (tão rápido que não aprendemos; tão intensa que não compreendemos o sofrimento). Estar pela metade é não estar. É melhor nem vir.