Caminhos e caminhar
“A luz que guia o meu caminho”. Com todo o respeito que me for possível, ouso dizer que esta sentença é desprovida de algum sentido maior, a menos do seu sentido poético que nos permite viajar pela luz como algo nosso, algo natural, e não qualquer coisa “maior” ou “superior”, pelo menos para mim. Para mim não existe nada maior ou superior que a própria natureza, e nós somos parte ativa dela. Não existe luz alguma à nos guiar. Existem caminhos, trilhas, verdadeiras matas e florestas, rios e oceanos, existe enfim a realidade do viver fluindo o tempo todo, e as únicas coisas que podem nos ajudar nesta caminhada são, a razão e o amor, e podem ser complementados por amigos ou parceiros, entretanto sem razão e sem amor, sem saber e sem sensibilidade, não caminhamos, na verdade caminhamos perdidos, caminhamos por caminhar, caminhamos às custas de vários dissabores, nossos e dos que causamos nos outros. Amigos..., amigos são sempre bem-vindos, em especial amigos que sentem conosco a dificuldade do nosso caminhar, que muitas vezes apenas por olhar nos mostram muito do que precisamos aprender para caminhar. Amigos que se necessário tentam nos carregar, mas que como amigos esperam que aprendamos algo para o nosso próprio caminhar.
Os caminhos são muitos, é melhor que nós mesmos nos empenhemos na escolha do caminho que podemos trilhar, se errarmos, pelo menos erramos tentando, erramos buscando, erramos construindo, e não erramos por obedecer a outros, por seguir, muitas vezes outros que podem estar mais perdidos do que nós, mas que se dizem autoridades em algum saber, que se vendem como iniciados, ou que se descrevem como sábios ou mestres de alguma coisa. Não creio na existência de sábios, na essência do seu termo, e não creio também em esperança, assim devemos olhar com atenção, ver as trilhas que já passamos para aprender algo com elas, ouvir o que nos tem a falar, dividir com nossos amigos, e aí é pensar, pensar, analisar, pensar, pensar, pesar, pensar, pensar, refletir, pensar, pensar e embalado em amor, transpassado por alguma sensibilidade, e compromissado com o respeito à vida e aos viventes, decidir. Muito mais fácil de falar do que fazer, eu sei. Não olhe para mim como exemplo, não espere de mim nenhuma sabedoria especial, sou um caminhante como vocês, não acredite em uma só palavra do que falo ou falei, sem antes pensar, pensar, racionalizar e amar.
A luz que ilumina meu caminho pode ser um vagalume sem destino, uma lanterna de alguém perdido, ou mesmo pura ilusão, somente amor e razão, saber e sensibilidade, respeito e compromisso, e amigos sinceros, podem iluminar, suavizar, ou indicar um caminho (“muitos caminhos levam a Roma”, e dependendo do caso, mais de um podem ser bons caminhos). Se pelo menos a luz que ilumina o meu caminho for o sol, a lua ou as estrelas, posso utilizá-las para me localizar geograficamente e escolher uma direção física, mas mesmo assim de nada valem para o Caminhar existencial de nosso viver.