O         VENTO

Passava do meio dia... Hora de sair para o almoço, mas logo eu teria que retornar, porque a tarde prometia mais trabalho, sem hora para sair.
O sol estava meio que escondido, mais suave, ou talvez tivesse ido almoçar fora, para fugir da sua rotina de ficar o tempo todo iluminando, talvez isso o cansasse às vezes.
O tempo estava ameno e bem ventilado, depois de dois dias seguidos de chuvas, convidava para uma boa caminhada até o restaurante mais próximo do meu trabalho.
A  Av. Central estava ' quase vazia, quase não se via nem carros passando, (fato raro) tão vazia que causava medo, medo de assalto.
A três passos, havia somente umas três pessoas caminhando no sentido contrário ao meu, mesmo assim arrisquei-me.
Estava com vontade de respirar um pouco do ar do lado de fora, vivenciar a presença daquelas pessoas anônimas e frias dos restaurantes, onde todos ficam em silêncio com olhar perdido.
Ainda... No percurso à pé, sentindo que a fome hoje havia chegado mais cedo, pensei ansiosa.  - O que irei almoçar?
Sai por aí observando tudo à minha frente. Trabalhava com tanta gente, mas não via nehuma companhia interessante para dividir com a minha tão exigente e seletiva ' figura humana ' Eu sei que sou muito chata.
Na rua, a mocinha caminhava apressada com uma mochila bem cheia, sabe lá o que carregava com tanta pressa, a sua 'mini saia' era bem justa, nada que o vento pudesse num sopro, mostrar mais do que já estava à amostra, bons tempos esses em que tudo cai bem, o tom do batom, a tinta vermelha nos cabelos, o preto forte do lápis que contornava os seus olhos mostrando uma audácia inocente. Como é inocente essa juventude, aquela juventude e as futuras, por mais que estejam modernizadas, somente a vivência dá o verdadeiro saber.
Ah a juventude! Maravilhoso tempo em que não se tem medo de nada, vergonha de nada, nem do vento... - É que o mesmo, não favoreceu àquela senhora que o vento acabava de fazer voar-lhe a saia do vestido, deixando tudo que estava coberto, à visão rápida... (risos).
A sua felicidade foi que ao olhar para os lados não havia ' quase ninguém.
O tempo passa tão rápido... Pensamentos, pensamentos.
Já almoçando, pensei: - 01 hora apenas para tanta vontade de viver.
- Como o ser humano é tão sozinho, por mais que estejamos em meio à multidões, somos sozinhos. O que acalenta o nosso interior é o amor.
Esse sim me faz companhia, me faz colocar no olhar sempre uma nova esperança. A de ser feliz, já sendo.
Uma hora... Uma hora dessas a 'gente' aproveita melhor o tempo.
No fundo eu sabia que me sentia muito bem, sozinha. Gosto da minha companhia, mesmo quando ela está mais chata do que eu.
Liduina do Nascimento






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Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 28/05/2015
Reeditado em 29/05/2015
Código do texto: T5258292
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